quinta-feira, 26 de abril de 2012

PEQUENO RESUMO DA ORIGEM DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Antes de tomar a sua atual forma nos Estados Unidos, a historia em quadrinhos foi prenunciada na Europa através de uma profusão de histórias em imagens, sem legendas ou ilustrando um texto, frequentemente hábeis produções de talentosos ilustradores, e largamente disseminadas pela imprensa e livros. A relação destas histórias em imagens com as histórias em quadrinhos é certa, sem dúvida mais que a influência das estampas de Epinal. Os dois grandes nomes são Topffer e Busch. Topffer devia influenciar diretamente Christophe e, com isso, dar origem à história em quadrinhos francesa. Busch encontra-se na origem da história em quadrinhos americana, criada por Hearst e Dirks.


Rodolphe Topffer 1799-1846 natural de Genebra, escritor, artista, professor da Universidade de Genebra, e autor de novelas e também de histórias em imagens, plenas de fantasia: as aventuras do Sr. Vieux-bois, do Sr. Cryptograme, do Sr. Jabot, reunidas, em 1846-47, sob o título Histoires em Estampes, tiveram grande sucesso e sua originalidade foi elogiada por Goethe. A narração é inteiramente figurada, as imagens numerosas, separadas verticalmente por um simples traço, colocadas sobre um breve texto. No fim de sua vida, a história em imagens se difundiu ainda mais com o Herr Piepmeyer de A. Schrodter 1848 e Monsi-eur Reac de Nadar 1848-49. Ela conheceu um grande impulso, na Alemanha, nos anos 1860-1870, graças a F. Steub 1844-1903 e principalmente a Wilhelm Busch 1832-1908. Busch e, de fato, menos achegado à história em quadrinhos que Topffer. Ele ilustra seus próprios poemas satíricos ou moralistas. O mais conhecido, Max und Moritz, conta as farsas e o fim atroz de dois garotos, e terá um grande papel –como inspiração e não como técnica – na gênese da história em quadrinhos americana. O "mal" humor de Busch é pesado e feroz, muito distante da fantasia de Topffer. Nos anos 1880, a história em imagens sem legendas invadiu as revistas francesas e tanto Caran d´Ache quanto Benjamin Rabier se destacaram neste gênero. Rabier terá uma longa carreira, especialista em álbuns de animais humorísticos para a juventude, ele está, no mais das vezes, a margem da histórias em quadrinhos.


Georges Colomb, que assinava Christophe, estabeleceu a fórmula que seria por muito tempo à da história em imagens européia, última experiência antes do surgimento da história em quadrinhos como seria criada nos Estados Unidos. Filho do diretor do colegio de Lure, pequena cidade do norte da França, Christophe ingressou na Escola Normal Superior em 1878, com Jaures, Bergson e Baudrillart. O gôsto pelo desenho fê-lo especializar-se em história natural. Após a sua saida do Normal, ele procura aumentar seu salário de professor com a venda de seus desenhos. Faz também histórias sem legendas e torna-se um colaborador frequênte do Petit Français Illustre, jornal para crianças. Embora venda seus desenhos, ele os faz para o seu filho e, quando este aprendeu a ler, introduziu a palavra em suas histórias.


O estilo de Christophe é muito superior ao que será produzido durante muito tempo por seus sucessores na história em quadrinhos francesa. Quase todos os seus desenhos mostram um notável encadeamento de movimentos de uma imagem ou outra. Ele sabe fragmentar a narração em pequenas imagens para expressar uma sucessão rapida de acontecimentos.





Acontece-lhe também de variar os formatos e empregar quadros alongados, dignos do cinemascope. A história é farta de achados narrativos: o agrupamento progressivo de uma multidão vista na vertical, nos Fenouillard, é um deles. Na mesma série, uma perseguição noturna no Japão é um modelo do gênero; notamos aí movimentos da lua que, de imagem em imagem, aparece cada vez mais alta por cima dos muros. Christophe pratica continuamente um contraponto irônico entre texto e imagem, onde a brutalidade do fato contrasta com a preciosidade da narrativa. Esse retraimento do narrador para com a ação cria às vezes, uma certa aparência de divertimento intelectual, único defeito da obra de Christophe.A Inglaterra pode também reinvidicar a invenção das histórias em quadrinhos com Ne´er-do-well Ally Sloper de W. F. Thomas, histórias em imagens, com um herói permanente, com legendas sob a imagem, surgida em 1884 e prosseguindo até 1920 com algumas interrupções. Após Ally Sloper apareceu Weary Willie and Tired Tim em 1896. Obra do desenhista Tom Brown, Weary Willie apareceu no jornal infantil Illustrated Chips e a fórmula era a mesma de Fenouillard: imagens sobre um texto muito copioso.

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